domingo, 21 de abril de 2024

Uma guerra nas estradas portuguesas ?

 


Uma guerra nas estradas portuguesas?


Segundo projecções aparentemente fiáveis da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2000), a sinistralidade rodoviária, actualmente décima principal causa de morte em todo o mundo, poderá ascender em 2020 à terceira posição, e mesmo à segunda posição, nos países em desenvolvimento. 


O problema é complexo, na medida em que envolve diversos vectores económicos, humanitários, políticos, sanitários, securitários, etc.. 

É, se quisermos usar a expressão, um problema que deriva do processo de “mundialização” de certas opções culturais relativas à locomoção e transporte. 

É um dado reconhecido em termos estatísticos que os níveis de sinistralidade rodoviária grave e muito grave são, em Portugal, muito superiores à média europeia . 

Segundo as informações do Eurostat e da OCDE, as estradas portuguesas são, a par com as estradas gregas, as mais mortíferas da União Europeia. 

Se, em números absolutos, a França tem surgido como a campeã europeia da morte nas estradas (com mais de 8.000 mortos por ano), as estradas portuguesas e gregas, proporcionalmente à população geral destes países, matam duas vezes mais pessoas que a média dos outros países da UE4.

 A avaliação detalhada destes dados – e particularmente a determinação da taxa de sinistros por volume do tráfego rodoviário - é dificultada pelo facto de não existirem em Portugal meios de aferição exacta.

 Por outro lado, as análises comparativas não consideram habitualmente dados complementares como o facto de Portugal e a Grécia contarem cerca de 50% de iletrados funcionais em relação ao total da população, ou de o fenómeno da motorização automóvel – da universalização do seu uso pela população – ser aqui muito mais recente do que na maioria dos países da União Europeia.

 Em Portugal, especificamente, o número de utomóveis mais que duplicou durante a década de noventa, a par com a exponenciação do número de novas licenças de condução e com a expansão e modernização da rede viária .

De relevo para a análise da sinistralidade grave é também o facto de 10% da população sofrer as consequências do alcoolismo crónico – isto porque uma das consequências mais graves deste problema de saúde pública é precisamente a morte nas estradas (os dados variam, mas um estudo sobre o alcoolismo em Portugal refere que 40% dos envolvidos em acidentes mortais, em 2000, apresentavam valores demasiado elevados de álcool no sangue; Marinho.


É corrente procurar associar o fenómeno da sinistralidade e, genericamente, a condução agressiva, a uma enigmática realidade – a do “português ao volante” dos condutores portugueses, nomeadamente quanto aos níveis de agressividade e de violência rodoviária, quanto aos comportamentos de risco detectáveis através do tipo de manobras perigosas habitualmente executadas, quanto à gestão da impunidade perante a infracção das regras de trânsito e perante as penalizações judiciais, e quanto à tolerância colectiva (e mesmo a ausência de sanção social) face aos comportamentos anti-sociais e criminais na estrada .















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